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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sagittarius ( Sagitário )


Na ilustração vemos o desenho da figura do Sagitário, rodeada por outras constelações identificadas textualmente ( Coroa Austral, Telescópio e Microscópio ).


Dados da constelação:
Abreviatura oficial:  Sgr
Genitivo usado para formar o nome das estrelas:  Sagittarii
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes:  44°N – 90°S 
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes:  78
°N 44°N
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite:  7 Jul

 
O Sagitário é uma constelação fácil de se localizar, devido a conter estrelas relativamente brilhantes e por se encontrar próxima de uma das constelações mais óbvias do céu, o Escorpião, mas é simultaneamente uma das mais difíceis de se associar à figura que pretende representar.


Não é de todo fácil visualizar-se o desenho de um centauro ou sátiro olhando para as estrelas que compõem o Sagitário. É por esta razão que, para tornar a constelação mais fácil de identificar, se costuma apresentar um desenho alternativo mais óbvio, que forma o asterismo mais famoso do Sagitário: o Bule de Chá ( " Teapot " ).
Para além do Bule de Chá, outro asterismo é muito célebre nesta constelação:
- ζ (Zeta) + τ (Tau) + φ (Fi) + λ (Lambda) formam um desenho conhecido como Colher de Leite ou Colher de Chá ( " Teaspoon " ).
Ambos ( Bule e Colher ) são mostrados na imagem: http://cache.boston.com/bonzai-fba/Globe_Graphic/2008/08/02/1217671530_9960.gif ( um terceiro asterismo, identificado " Saucer ", pertence à Coroa Austral ).

Outro grupo de estrelas desenha um asterismo menos popular:
- ω Sagittarii + 59 Sagittarii + 60 Sagittarii + 62 Sagittarii formam um quadrilátero composto por estrelas de Mag. semelhante, à volta de 4.5 , conhecido como Terebellum, palavra que deriva do latim e que pode significar " augúrio " ( premonição ) ou " furador " ( em alusão ao formato da figura ). Quem procure identificar este asterismo no mapa da constelação sugerido mais abaixo no texto, encontrá-lo-á no limite esquerdo, muito próximo da fronteira com a constelação do Capricórnio, com as estrelas 59 Sagittarii e 62 Sagittari assinaladas pelas suas denominações de Bayer - " b " e " c ", respectivamente.



A constelação do Sagitário é uma das mais antigas traçadas no céu, pelo que várias lendas lhe estão associadas. Segundo muitas fontes históricas Ptolomeu, no Séc II,  terá relacionado esta figura a Quíron, líder mitológico dos Centauros. No entanto, esta associação teria sido igualmente feita à constelação do Centauro. Tendo a representação celeste do Sagitário sido assimilada pelos Gregos a partir da cultura dos Sumérios, gerou-se um conflito entre as mitologias destes dois povos: antes de Ptolomeu, Eratóstenes apontara o facto de que, nas lendas gregas, os Centauros não usavam arco e flecha, pelo que a figura deveria ser para ele, não um centauro, mas uma criatura de apenas duas patas, com arco e flecha. Estas características eram próprias de uma classe de seres mitológicos greco-romanos - os Sátiros. O Sagitário seria por isso, segundo Eratóstenes, o sátiro de nome Crotus. Exímio caçador, inventor do arco e flecha, mas igualmente sensível às artes ( era um excelente músico e atribuía-se-lhe a invenção da noção de ritmo ), Crotus era filho de Eufeme e de e vivia na companhia das Musas - as filhas de Zeus.
Duas versões diferentes justificam a presença de Crotus no céu: a primeira refere que teria sido um pedido do próprio a Zeus, após a sua morte; a segunda conta que o pedido teria sido feito pelas Musas.
De uma forma geral, presume-se que as figuras mitológicas metade homem e metade cavalo terão surgido quando algumas culturas antigas, que desconheciam estes animais, foram surpreendidas com a visão de guerreiros estrangeiros montados a cavalo. Um caso registado foi o episódio da chegada de cavaleiros espanhóis a territórios Incas: os indígenas pensaram estar perante seres de aparência humana, mas com quatro patas.
Na mitologia suméria, a constelação do Sagitário representava o deus da guerra, criatura com feições humanas num corpo de leão, de nome Nerigal ou Nergal.



Objectos celestes mais notáveis:


Por estar localizada na direcção do centro da Via Láctea, a constelação do Sagitário está repleta de objectos celestes de interesse para o astrónomo amador. Destacaram-se os mais célebres e os que são acessíveis a um número mais abrangente de observadores. Quem pretenda fazer um estudo mais exaustivo desta área do céu pode consultar o mapa publicado abaixo neste texto, onde constam vários outros objectos celestes para além dos que são discriminados na lista seguinte.



- M 8 + NGC 6530 - dois objectos celestes que podem ser observados em simultâneo:
- M 8 - uma nebulosa de emissão também conhecida como Nebulosa Lagoa. De Mag. 6.0 , pode ser identificada mesmo apenas com binóculos, mas exigirá céus muito escuros.
- NGC 6530 - na mesma imagem, podemos encontrar outro objecto celeste bastante popular e de mais fácil observação: visível em baixo e do lado esquerdo da Nebulosa Lagoa, um enxame estelar aberto catalogado como NGC 6530. De Mag. ( média ) 4.6 , apesar de na fotografia parecer confundir-se com as estrelas que o rodeiam, uns binóculos mostrá-lo-ão de forma bastante evidente.







- M 17 - uma nebulosa de emissão também conhecida como Nebulosa Ómega, Nebulosa Cisne, Nebulosa Ferradura ou Nebulosa Lagosta. Apresentando uma Mag. de 6.0 , pode ser observada com binóculos em céus escuros.















- M 18 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.5 , observável com telescópios modestos.











- M 20 - uma nebulosa de emissão com uma nebulosa de reflexão associada. Também conhecida como Nebulosa Trífida, é um objecto muito popular e um dos alvos predilectos para os astrónomos amadores. Apresenta uma Mag. de 9.0 e a sua imagem é relativamente extensa, pelo que a observação directa desta nebulosa com telescópios modestos só será possível se o céu se apresentar bastante escuro.







- M 21 - um enxame estelar aberto de Mag. 6.5 , observável com telescópios modestos.











- M 22 - um dos enxames estelares globulares mais espectaculares do céu. Apresentando uma Mag. de 5.1 , é observável mesmo apenas com binóculos ( aspecto semelhante a uma estrela nestes instrumentos ).








- M 23 - um enxame estelar aberto de Mag. 6.9 , observável com binóculos. 











- M 24 + NGC 6603 - o objecto catalogado como M 24 é uma das curiosidades da Lista de Messier, pois não se trata de um objecto celeste individual mas de uma área da Via Láctea profusamente povoada de estrelas. Esta " nuvem " de estrelas apresenta uma Mag. ( média ) de 4.6 , pelo que pode ser estudada mesmo apenas com binóculos.






Nela se podem observar alguns objectos celestes de interesse através de instrumentos profissionais, mas basta um telescópio de abertura superior a 150 mm para conseguirmos localizar o enxame estelar aberto NGC 6603. Na imagem podemos identificar este aglomerado um pouco acima e do lado esquerdo, relativamente ao centro. Está imediatamente acima de uma estrela brilhante de cor amarela.



- M 25 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.6 , observável com binóculos.











- M 28 - um enxame estelar globular de Mag. 6.8 , observável com telescópios modestos.










- M 54 - um enxame estelar globular de Mag. 7.6 , observável com telescópios modestos.










- M 55 - um enxame estelar globular de Mag. 6.3 , observável com binóculos.











- M 69 - um enxame estelar globular de Mag. 7.6 , observável com telescópios modestos.










- M 70 - um enxame estelar globular de Mag. 7.9 , observável com telescópios modestos.










- M 75 - um enxame estelar globular com Mag. 8.5 , de difícil observação através de telescópios modestos.










- NGC 6520 - um enxame estelar aberto com Mag. 8.0 , de difícil observação através de telescópios modestos.

















- NGC 6522 - um enxame estelar aberto com Mag. 8.6 , de difícil observação através de telescópios modestos. Na imagem o NGC 6522 pode ser localizado do lado direito, em cima; a sua aparência faz lembrar a de um enxame estelar globular.














- NGC 6642 - um enxame estelar globular de Mag. 8.8 , muito difícil de se localizar com telescópios modestos.















- NGC 6652 - um enxame estelar globular de Mag. 8.9 , muito difícil de se localizar com telescópios modestos.
















- NGC 6723 - um enxame estelar globular de Mag. 7.3 , observável com telescópios modestos.











- NGC 6818  + NGC 6822 - estes dois objectos podem ser observados em simultâneo, mas são extremamente difíceis de se localizar mesmo com telescópios de 200 mm:
A NGC 6818 é uma nebulosa planetária de reduzidas dimensões, com o aspecto de uma estrela, que apresenta uma Mag. de 10.0 . Na imagem ao lado, encontra-se no limite esquerdo, apresentando uma tonalidade de azul claro que a distingue das estrelas circundantes.
A NGC 6822 é uma galáxia irregular relativamente próxima de nós, entre a Via Láctea e Andrómeda. Na imagem ao lado pode ser identificada como uma mancha ténue, próximo da área central. É igualmente conhecida como Galáxia de Barnard por ter sido descoberta por Edward Emerson Barnard em 1884 e, apesar de ser classificada como sendo uma galáxia, não passa de um vasto e disforme aglomerado de estrelas, à semelhança da Pequena Nuvem de Magalhães e da Grande Nuvem de Magalhães. Esta galáxia de pequenas dimensões apresenta uma Mag. de 9.0 mas, mesmo assim, é muito difícil de se observar até com telescópios de 200 mm. Quando a sua visualização é possível, mesmo que de forma ténue, o astrónomo amador sabe que o céu oferece óptimas condições para as suas observações.




Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa: 



Clicar na imagem para ampliar o mapa
Notas:
1 - A mesma imagem num formato maior pode ser consultada aqui.
2 - Assinalado com um " X " e textualmente " Centrum " está o centro da nossa galáxia.
3 - Os objectos do catálogo NGC estão identificados apenas com o número correspondente, sem o prefixo " NGC ".
4 - Nomes próprios atribuídos a algumas estrelas no mapa que não são mencionados no texto abaixo, são de natureza controversa e o seu uso poderá levar a erros de interpretação.





Estrelas mais notáveis:


- α (Alfa), tem o nome próprio Rukbat, de uma expressão árabe que refere " o joelho do  arqueiro ". Apesar de ter sido classificada com a primeira letra do alfabeto grego, não é a mais brilhante da constelação, sendo suplantada em brilho por várias outras. Aliás, Sagitário é um bom exemplo para ilustrar o facto de que, embora seja habitual referir-se que o método adoptado por Bayer consistiu na ordenação das estrelas de cada constelação por ordem de brilho, em rigor o processo não foi tão linear assim. Rukbat é uma anã branco-azulada de Magnitude 4.0 .
- β (Beta), é uma dupla óptica ( a proximidade entre ambas é apenas fruto da perspectiva ) de Mag. ( média ) 4.0 , que a vista desarmada consegue dividir nas suas duas componentes principais: Beta 1 e Beta 2. Ambas possuem nomes próprios:
A Beta 1 foi denominada Arkab Prior, de uma expressão árabe que menciona " o tendão ( de Aquiles ) do arqueiro " associada ao sufixo latino " Prior ", resultando na tradução " a primeira estrela do tendão ( de Aquiles ) do arqueiro "; a palavra " Prior " ( " a primeira " ) pretende fazer a distinção entre esta estrela e a Beta 2, que também assinala a mesma parte do corpo da figura, e que possui o nome próprio " Arkab Posterior " ( " a estrela que vem a seguir, no tendão ( de Aquiles ) do arqueiro " ). Com o auxílio de binóculos revela ser, ela própria, uma estrela dupla de natureza óptica, com uma " companheira " de brilho mais fraco.
A Beta 2 tem o nome próprio Arkab Posterior, significando " a estrela seguinte, no tendão ( de Aquiles ) do arqueiro ". É uma estrela branca a cerca de 170 anos-luz de nós.
- γ (Gama), tem o nome próprio Alnasl, de uma expressão árabe que refere " a ponta da seta ". É uma gigante amarela de Mag. 3.0 a 97 anos-luz de nós.
- δ (Delta), tem o nome próprio Kaus Media, do árabe Kaus - " o arco " - visto que faz parte do arco do Sagitário, e do latim " Media " por, neste caso, ser a estrela " do meio " no desenho dessa arma. É uma gigante alaranjada de Mag. 2.7 .
- ε (Épsilon), tem o nome próprio Kaus Australis, do árabe Kaus - " o arco " - e do latim " Australis " por, neste caso, ser a estrela mais " a Sul " no desenho dessa arma. É uma gigante branco-azulada de Mag. 1.9 e a estrela mais brilhante desta constelação.
- ζ (Zeta), tem o nome próprio Ascella, do latim, significando " a axila " ( porque assinala esta parte do corpo do arqueiro ). De Mag. 2.6 , é a terceira estrela mais brilhante da constelação, a cerca de 89 anos-luz de nós.
- η (Eta), é uma gigante vermelha de Mag. 3.1 .
- θ (Teta), é uma dupla óptica possível de se observar separada nas suas componentes individuais apenas a olho nu. Ambas apresentam uma Mag. de 4.7 .
- λ (Lambda), tem o nome próprio Kaus Borealis, do árabe Kaus - " o arco " - e do latim " Borealis " por, neste caso, ser a estrela mais " a Norte " no desenho dessa arma. É uma gigante alaranjada de Mag. 2.8 , a apenas 78 anos-luz de nós.
- μ (Miú), tem o nome próprio Polis, do copta ( escrita baseada no grego e no demótico egípcio, usada pelos antigos Cristãos do Egipto ), significando " Potro ". Apresenta uma Mag. de 3.8 .
- ν (Niú), tem o nome próprio, pouco usado, Ain Al Rami, de uma expressão árabe que refere " o olho do arqueiro ". Apresenta uma Mag. ( global ) de 4.9 e a curiosidade de ter sido uma das primeiras estrelas a serem referidas pela expressão " Estrela Dupla " ( por Ptolomeu ). Consiste em duas componentes principais formando um par apenas óptico ( a proximidade entre ambas não é real, mas fruto da perspectiva ), separadas a olho nu em céus escuros - Niú 1 ( ou 32 Sagittarii ) e Niú 2 ( ou 35 Sagittarii ).
Enquanto a Niú 2 é uma gigante avermelhada, a Niú 1 é composta por um sistema triplo de estrelas cujas proximidades são reais ( múltipla física ) - será necessário um telescópio de abertura considerável e ampliações elevadas para se visualizarem todas as componentes separadas umas das outras.
- ξ (Csi), é uma dupla óptica de Mag. ( global ) 5.0 . A componente mais brilhante é a Csi 2, à qual foi atribuído o nome próprio Nergal, deus sumério da guerra e da destruição e que era representado no céu, segundo os Sumérios, pela constelação do Sagitário.
- ο (Ómicron), é uma gigante vermelha de Mag. 3.8 .
- π (Pi), tem o nome próprio Albaldah, designação árabe de uma das 28 " casas " por onde a Lua passava no seu trajecto celeste - Albaldah era a 21ª e referia-se à " Cidade ", presumindo-se que esta seria a cidade de " Makkah " ( Meca ). É uma gigante branca de Mag. 2.9 .
- σ (Sigma), tem o nome próprio Nunki - segundo alguns autores, um nome próprio babilónico, segundo outros, pela tabela suméria das " 30 estrelas ", tem origem numa expressão que significa " a proclamação do mar ". Apesar de classificada com a 18ª letra do alfabeto grego é, na verdade, a segunda estrela mais brilhante da constelação, com Mag. 2.0 .
- τ (Tau), é uma gigante alaranjada de Mag. 3.3 .
- φ (Fi), é uma gigante azul de Mag. 3.1 .
- X (X Sagittarii) é, curiosamente, de entre todas as estrela visíveis a olho nu, a mais próxima do centro da Via Láctea, normalmente marcado num mapa celeste com um " X ". É por isso que a estrela X Sagittarii, embora não coincidente com o centro da nossa galáxia, pode ser usada para localizá-lo, da mesma forma que a Estrela Polar nos indica o Pólo Norte Celeste. Contrariamente ao que se possa pensar, a sua denominação " X " nada tem a ver com o facto de assinalar o centro da Galáxia ( por isso se torna tão curiosa a coincidência ), mas a ter sido a sétima estrela variável - de entre as que não possuíam uma letra grega associada - descoberta no Sagitário. Segundo este popular método de catalogação introduzido por Argelander ( leia-se, neste link, o texto sob o subtítulo: " A denominação das estrelas variáveis " ), às estrelas variáveis de uma constelação é atribuída uma letra, por ordem de descoberta, começando na letra " R ". A Mag. da X Sagittarii altera-se ligeiramente, entre 4.2 e 4.9, num ciclo de cerca de 7 dias.
- Ross 154, é uma das estrela mais próximas de nós, uma anã vermelha de Mag. 10.4 - apenas visível com telescópios - a 9.7 anos-luz de distância do Sol. Amplie-se o mapa seguinte para localizar a Ross 154, assinalada com uma mira:
Localização da Ross 154




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